Ódios de estimação: Nerds, nerds, make my day!

Pior do que um burro é um burro que se esforça.

Ao burro pode chamar-se tótó, bócó, imbecil, deficiente, idiota, atrasado, lento, lerdo, mas para designar o burro que se esforça só conheço uma palavra: nerd!

E ele há casos em que, às vezes, por dever de ofício, temos de conviver com o nerd mais apurado do mundo nas nossas coordenadas espácio-temporais. Pelo menos, comigo é assim. Hoje foi um dia desses.

Uma sala cheia de pessoas. O nerd estava lá: 1 m e 60, fato completo (oferta do padrinho por ocasião do seu 21.º aniversário), gravata verde esparregado, bigodinho ralo, cachucho no dedito anelar.

Eu lia a Vogue. Ele, à minha frente, não parava. Dois passinhos para um lado, dois passinhos para o outro. Na visão periférica, via-o a mirar-me. Estava escarrapachada a sua hesitação: "interrompo-a ou não? interrompo-a ou não?" Conhecendo o seu tipo, não me foi difícil imaginar qual seria a decisão. Inevitável! Tomado de coragem, lá avançou. Queria meter conversa, mostrar a sua valia. Antes pigarreou. Como não podia deixar de ser, ergui o olhar. Por dentro, já sabia o que ia acontecer. Conhecendo o meu tipo, sei que era uma daquelas situações em que não me iria conseguir dominar. Ele disse uma coisa qualquer, em português rebuscado, daquelas que “não têm nada a ver”. Mal bati os olhos nele… desatei-me a rir, a rir, a rir, a rir desalmadamente, a rir descontrolada, nervosamente… Ele, atarantado, olhava para todo o lado, o que só aumentava a minha vontade de rir.

Não pude ficar.

Fugi para o corredor. Sempre a rir.

Desci as escadas para a garagem. Mais uma ou duas gargalhadas à conta da última imagem: a cara bolachuda do nerd a olhar interrogativamente para mim.

Peguei no carro para me pôr a andar dali para fora.

O riso, gradualmente, parou. Fui ficando mais calma.

Recomecei a pensar.

Eu já ouvi falar de nerds que saltam para a estrada. Mas nunca vi... Será que existem? Ah! Não deve ser verdade!

Mas… e se fosse?

E se fosse hoje?

Comecei a imaginar: um nerd a saltar para a estrada quando o meu carro vai a passar....

NOTA FINAL: INICIA-SE AQUI UMA NOVA CORRENTE, INTITULADA “ÓDIOS DE ESTIMAÇÃO”, QUE SE PASSA A:

Sôdona Ritinha na lua (cá se fazem cá se pagam!)

Sôdona Eva Shanti (foi o nico que pediu!)


Sôdona Sarita (NS / NR, o tanas, dá o corpo ó manifesto, faxavor!)


Sôdono Miguel (porque, afinal, não mudo!)


Sôdono Spartakus (porque sim!)