terça-feira, junho 17, 2008


SEM OUTRO ASSUNTO DE MOMENTO,
DESPEDIMO-NOS COM AMIZADE...




Numa certa categoria de superlativo, pior do que a falta de assunto só há aquela situação em que não (re)conhecemos quem nos cumprimenta.

A concomitância, então, é desesperante.

E neste nosso (e vosso) lugar comum a concomitância repete-se...

Por isso recorremos inúmeras vezes ao estapafúrdio.

Mas a um que fosse leve, que isto é sítio de lazer.





Falando da nossa experiência, a falta de assunto levou-nos a pensar cometer os actos mais reprováveis.

O último que nos ocorreu foi o de "paródio-plágio" ou de "plágio-paródia".

Íamos coleccionando os postais dos fregueses e dávamos-lhes a volta.

À nossa maneira.


Tínhamos, assim, o problema
resolvido para sempre.

Ou não.

Também podíamos deixar de ter "aviamento".





Catadupa de desatinos solucionais!

Até que, a meio de um ataque de nervosa tosse convulsa, resolvemos ter calma.

Afinal, sempre nos sobrou um tema (pensámos).

Aquele que nunca ousámos tocar, de tão sério.

O humor.

Podia ser na versão: o "humor em tempo de *****".

Negro, portanto.


Mas demasiadamente exigente e perigoso.

Retomámos, assim, a tosse.

Com(o) as limpezas na mercearia.

Para valorizar o trespasse.

Maldito pó!



domingo, junho 08, 2008



O APÓSTROFO


&

A PATAFÍSICA





Comecemos pelo apóstrofo.

Em rigor, o apóstrofo não é isto: '

É mais isto: , (só que em cima).

O apóstrofo é um sinal gráfico que indica a elisão de letra ou letras numa palavra.

Por exemplo, a eliminação do "e" da proposição "de" em combinação com um substantivo: copo d'água.

Entre muitas dúvidas sobre o emprego do apóstrofo, sobressaem as da localização e do espaçamento.

Outro exemplo: é Expo' 98, Expo '98, Expo ' 98 ou Expo'98?

Dir-se-ia que isto é matéria tipográfica e não ortográfica, mas não temos assim tanta certeza.

Facto é que o tal "acordo" ortográfico é omisso sobre a questão.

'tais a pressentir os perigos do apóstrofo?







Nós já os sentimos.

É que resolvemos dedicar-nos à patafísica...

O que é?

Consta que é "a ciência das soluções imaginárias que confere simbolicamente aos contornos as propriedades dos objectos descritas pela sua virtualidade" (isto depois acaba mesmo por não fazer sentido...).

Foi inventada por Alfred Jarry, percursor do dadaímo, do surrealismo, do absurdo e até de Heidegger, segundo os mais exagerados.

Parece que o pretendido era/é explorar os campos negligenciados pela física e metafísica.

E fundaram-se colégios de patafísica um pouco por toda a parte (salvo o exagero). Em França o primeiro, que acolheu nomes como Ionesco, Jacques Prévert, Boris Vian, etc...







Uma ciência da excepção com jogos patafísicos e tudo!

Não que o apóstrofo seja uma excepção. Deve apenas ser usado com contenção.

Mas o que nos trouxe até aqui foi a advertência recorrente para o uso do apóstrofo a preceder a patafísica - logo, 'patafísica -; e isto para evitar "confusões".

Mas que confusões?

De facto, etimologicamente ficamos a zero. É que "pata" apenas aparece como sufixo nominal, derivado do grego e a exprimir a ideia de experiência, e nunca como prefixo.

Depois há a "pata" como substantivo e pensamos logo na fêmea do pato (sendo que pato também pode significar "tolo"...).

Haverá uma física específica da pata?




'ta: consta que não se vê...

Misteriosa impossibilidade "linkal" ou argumento 'patafísico?

Ide, se for da vossa vontade, a http://www.lameduckbooks.com/duck.gif




E o que esconde o apóstrofo da 'patafísica?



domingo, junho 01, 2008



A "outra Senhora"







Sempre nos intrigou a identidade da "outra Senhora"...

Isso, a razão de ser de "voltar à vaca fria" e tantos outros mistérios.

Afinal, quem foi "ela"?

E "foi" porque consta já se ter finado há muito, uma vez que é recordada em associação a um tempo pretérito.

Por exemplo: "até parece que voltámos ao tempo da outra Senhora!".

E não há nostalgia na lembrança, pelo que não deve ter sido boa pessoa.

Há, porém, quem defenda que a "outra senhora" é mera sugestão do tempo do Estado Novo, aquele de má memória: anti-liberal, autoritário e corporativo.

Enfim, o Estado salazarento.

Mas tudo se complica quando nos asseveram que já nessa altura se falava do tempo da outra Senhora.

Mais: já se falava há muito tempo do tempo dela.

Adensa-se o mistério...

Tempo imemorial?

Aventa-se a hipótese de a expressão ter origem nas relações domésticas, mais propriamente na criadagem, como forma de aludir à autoridade da Senhora que, entretanto, se viu deposta por razões naturais (bateu os botins).

Podia ser usada em contextos como: "no tempo da outra Senhora é que isto andava nos eixos!".

Saudosismo implícito, note-se. (ou despudoradamente explícito?)

Tudo visto, ficamos sem saber ao certo quem era a "outra Senhora", que tempo era o dela, se era boa ou má pessoa, etc...

E vem isto a propósito de quê...?

Da memória ou da falta dela...?

É que não nos lembramos...

Terá sido do regresso da outra Senhora ao imperfeito presente?