quinta-feira, maio 31, 2007



TAPETE PRETO



SESSÃO ABERTA DE PSICODRAMA









Como é do conhecimento blogal, o Sono cumpre uma missão de serviço público. Contribui para a saúde física, mental e intelectual dos fiéis.



E os fiéis andam agitados. Vive-se aqui uma espécie de esquizofrenia colectiva.



Ora, Eu, cansado de fazer posts da mais fina flor para depois receber comentários destrambelhados, decidi (após insistência de alguns fiéis mais apanhados) proporcionar uma sessão de psicodrama para ver se nos acalmamos (ou não).









Esta dramatização com fins terapêuticos foi sugerida pela mna. Boop, diplomada e inscrita na Ordem dos Engenheiros, autora do célebre estudo "Dramalhão das emoções: como exorcisar pancas".


Ofereceu-se para conduzir a sessão.


Fez questão de um tapete preto para a sessão de grupo e de uns bancos baixinhos. Seja. O cenário está montado (está sim, senhores!).


Dá também a saber que faz terapia individual no seu baloiço.









Esta é uma singela tentativa de acudir às dificuldades emocionais dos fiéis e não um pretexto para a lavagem de roupa suja! Aproveitem, Irmãos!





Não têm que agradecer!



Já aqui foi sugerido, eu sei. Por isso desta vez vai em espanhol!




para quem gosta de películas xaroposas...






para quem gosta de películas menos xaroposas...






Dedicatória: aos fiéis, claro, especialmente aos que contribuiram generosamente na campanha dos 100!



segunda-feira, maio 28, 2007



A ARIDEZ DA ESPERA

(OU COMO FALHAR A VIDA)






John Marcher vive perturbado pela certeza de que vai acontecer "algo raro e estranho, talvez prodigioso e terrível" com ele. Confessa e divide essa angústia com May, que o acompanha placidamente nessa espera, pactuando com aquele cenário de violência iminente... como se houvesse uma fera à espreita na selva.


No seu frio egoísmo, Marcher deixa passar a fera, sem a notar. A não ser quando já é tarde.






"Viu a Selva da sua vida e viu a Fera; e percebeu, talvez pelo movimento do ar, que se erguia vasta e horrenda formando o salto para terminar com ele. Escureceram-lhe os olhos - estava próxima; e naquela alucinação voltou-se instintivamente para lhe fugir e atirou-se para cima da campa de cara para a terra."







e na senda do paradigma dos encontros fatais...



... ou dos desencontros, acho que é este o som!



sexta-feira, maio 25, 2007



CONCORRÊNCIA (DES)LEAL



Confessadamente, nós somos mais isto!!





Seguramente, um dos melhores!!





E bom fim de semana!

quarta-feira, maio 23, 2007



Então, cá vai:
homenagem ao papá!







... de todos nós!




Sendo que o mai lindo...

... c'est moi même!!

segunda-feira, maio 21, 2007




6 graus de separação
(e o absurdo faz sentido?)





E se for verdadeira a tese de que estamos à distância de 6 graus do mais completo desconhecido? Daquela pessoa cuja existência ignorávamos e que até pode morar nos antípodas?


É a teoria segundo a qual estamos separados de alguém por apenas 6 pessoas.

Proximidade fantástica, mas cada vez mais confirmada pela realidade virtual.

Nisto achamos quem nunca procurámos.

E chegamos a sentir a falta de quem não conhecemos.

Estranhas novas ligações.


Há sociólogos que defendem que já não existem povos e sim agregados sociais que, como um caleidoscópio, assumem formas distintas e que duram o que dura o acto que os convoca.





Os cristais estáveis, que representam um povo, reordenam-se e interconectam-se continuamente formando figuras intensas, porém efémeras como o vigor da chama do acordo de pertença que liga o grupo.
(como é óbvio, esta pirosice não é da minha autoria!!)


E apesar (ou por causa) disto, estamos ou não mais sós?



Faraway so close, o filme...


... e a banda sonora aqui!


Nota de rodapé:

A teoria dos 6 graus de separação foi inventada há 40 anos por um professor de psicologia norte americano, chamado Stanley Milgram.


Milgram enviou 160 cartas a um conjunto de pessoas, aleatoriamente escolhidas, que receberam a incumbência de as tentar fazer chegar a uma determinada pessoa-alvo. Das 160 cartas, 42 chegaram ao destino, tendo passado, pelos seus cálculos, pelas mãos de, em média, 5,5 intermediários. (como é evidente, o endereço não foi fornecido... consta que o senhor era sério!)



Não vi. Não me responsabilizo se não prestar!


sexta-feira, maio 18, 2007




TIQUE NERVOSO

- FAÇA AQUI O SEU TESTE! -






Que os tiques podem ser fatais para a auto-estima não é novidade, agora que podem ser sintomas de uma patologia específica já é outra história...

A síndrome dos tiques até tem um nome. E, como é hábito, o nome do desocupado que se interessou pelo assunto: "la Tourette".





Há tiques para todos os (des)gostos: dos motores aos orais.

. movimentos bruscos

. caretas

. pôr a língua de fora enquanto se fala (MEC)

. repuxar a cabeça

. piscar repetidamente e com força os olhos

. pigarrear

. fungar

. bufar

. grunhir



e ainda... (e estes conseguem ser mais exasperantes... para os outros!):

. a palalaria (repetição de palavras ou fins de frase ditas)

. a ecolalia (repetição de palavras ou de fins de frases do interlocutor)

. a coprolalia (repetição de termos obscenos)


Tudo isto e muito mais pode ser sintoma de TOC (transtorno obsessivo-compulsivo).


tique... TOC!





Hummm...
Sinto desconfiança no ar. Mas não, eu cá não tenho tiques, só manias e algumas fobias.

Mas há um desgraçado, que por acaso é a minha manicure, que sofre de ecolalia... e eu ando há que tempos a controlar-me para não lhe dar uma suave e meiga... cabeçada!




Não tem propriamente a ver com tiques, mas foi o que se arranjou.

O que me apetecia sugerir era:





... mas este então é que vinha mesmo a despropósito.



segunda-feira, maio 14, 2007



A TEORIA DO RISCO


(a outra face)






Por capricho da semântica, o risco ficou preso ao perigo (e vice-versa). Até aqui tudo bem, não fosse a conotação pejorativa associada, só evitável por malabarismo linguístico (v.g. "corres o risco de ser feliz") ou, em alguns provérbios, pela sabedoria popular.


Debitem ou creditem: imprudência ou coragem.
Afoguem-o no acaso, na álea da sorte e do azar.


Tudo isso é demasiadamente dramático e ao mesmo tempo redutor. O jogo das probabilidades não favorece só o mau, mas também o bom. Com que direito se despoja o risco deste lado?



Dir-se-ia que contratar um jardineiro maneta é um estupidez. Eu diria que é daqueles riscos que se devem correr.






Dedicatória: aos 3+2 da vida airada... mas responsável.


segunda-feira, maio 07, 2007



"Je me suis enterrée vive dans mes châteaux. Un soir d'orage vous êtes entré par ma fenêtre et vous avez bouleversé tout ce bel équilibre."



La Reine


Uma rainha prepara-se para celebrar o décimo aniversário da morte do marido, assassinado no próprio dia do casamento.

Com a sua raiva cósmica, a tempestade é um convidado desejado nesse ritual de luto doentio, que a levara a esconder o rosto e a uma contínua errância de palácio em palácio.

Desinteressara-se dos negócios do reino, embora estivesse consciente das conspirações e injustiças que fervilhavam na corte e que a sua ausência estimulava.

Nesse dia, de sabor premonitório, surge-lhe da intempérie uma estranha criatura, de notável semelhança fisionómica com o Rei: um ferido que ela esconde pela intuitiva percepção de que se iria iniciar uma catarata de acontecimentos inevitáveis.

Dá-se o encontro de dois seres de excepção: uma rainha que não reina, fechada nos seus problemas, e um anarquista que deveria matá-la, autor de um panfleto poético em que a atacava, acusando-a da pobreza do reino; panfleto que ela conhecia de cor e, mais, era um poema do seu agrado.

A partir daí, ambos podem executar o que no mais íntimo desejavam: fazer com que as suas estratégias de morte tivessem sucesso e, em conjunto, tudo era mais simples...

Mas os planos vão ser perturbados porque na estratégia da morte se intromete a estratégia do amor.



FIM





O texto é (com algumas alterações) de autoria de J. Henrique de Barros sobre uma peça de teatro de Jean Cocteau, magnificamente adaptada ao cinema por Antonioni.



Como seria de esperar, não contamos o fim.




COMUNICAÇÃO SOLENE AO PAÍS:


Sua Excelência Zé Lérias, resolveu acorrentar-nos com um "Memo", que ainda não percebemos muito bem o que é... Deve ter-lhe escapado aquele nosso post a que, inteligentemente, demos o nome de "contracorrente"!! Mas como não gostamos de desiludir os fregueses que pensam em nós, aqui fica esta belíssima história.

É suposto passar o testemunho a mais cinco bloggers...

Então, cá vai:

. aos que lerem este post sem o comentar.

. aos que figurarem como últimos comentadores (apressem-se, perceberam?).

. e ficam livres os que depositarem mais de duas esmolas!


sexta-feira, maio 04, 2007



ORDEM NO CAOS!!





Temos PREC ou quê?

Aqui quem manda ainda sou eu!!

E o tema é: sexta-feira...





... a metáfora da insularidade!




E agora vou tomar a minha dose de morfina para ver se finalmente durmo!!


quarta-feira, maio 02, 2007



AZAR

O PODER DA ATRACÇÃO

(post piroso, mas sentido)




Se um dia improvável tiver a oportunidade de dar nome a um perfume, escolho "azar".



AZAR


eau de parfum

by

ALCIDES



Poderoso. Chamativo. Irresistível.

Nada floral.

Frasco sóbrio. Talvez azul-cobalto com inscrições a negro.

Versões for man e for woman, claro.

Preço alto. Exagerado.




Quem é sensível a cheiros, sabe que há aromas inebriantes. E também paralisantes. Estes criam uma espécie de torpor. Um quase desmaio (embora fugaz).


Um azar tira o sono. Exalta os sentidos. Faz-nos pensar.

Fragiliza e, ao mesmo tempo, acorda.

É claro que tudo depende...

Há azares que parecem surgir isolados, mas que libertam novos e inesperados azares: é o "efeito borboleta"...



Há azares que anunciam a inevitabilidade de outros azares: é o "efeito cascata".




O azar tem uma capacidade reprodutiva singular. Atrai!

Fala-se de "maré de azar". Mas as marés podem ser calmas...

Talvez se devesse falar em "onda". Mas, por regra, a onda tem um tempo de vida exíguo: rebenta ou dissipa-se.

O azar funciona por ondas. A que se desfaz chama a sucessora.





O embate nas primeiras pode ser revigorante.

Já a repetição exaure-nos.

E chega finalmente aquela que nos faz render...

E que nos devolve (des)falecidos à praia.



E com este poema me despeço do Sono porque entretanto tibe uma proposta irrecusábel...

... mas que era só a fingir! Gamei-lhe o Jaguar e vou a caminho do Alentejo!

Alcides