quinta-feira, março 29, 2007



A inefável beleza do grotesco

Tributo a:





A direcção desta paróquia adverte que algumas das imagens em baixo reproduzidas podem ferir a sensibilidade de alguns paroquianos.




Não esta. Man Ray



Mas talvez esta. Witkin.



Seguramente, não esta. Velázques (a única não-fotografia).





Agora, esta... E doravante não haverá grandes legendas...




"Mãe e filho"



"Pássaro"




"Beijo"




"Candeeiro art déco"




E, claro, não resistimos...









Dedicatória: aos Irmãos que apreciam as fotografias que aqui habitual e abusivamente se publicam. E não é provocação, mas sincera homenagem. Witkin é um dos nossos "loucos" preferidos (e até tivemos extremo cuidado na selecção...).


domingo, março 25, 2007


Festina Lente



ou seja, "apressa-te devagar"...


Aplica-se a tudo. E não é exactamente o mesmo que dizer que "a pressa é inimiga da perfeição". Isto não é um manifesto contra a pressa. Quando muito contra a precipitação (e não a meteorológica) ou contra a imprudência. E provavelmente até contra a arrogância


Subitamente sente-se o chão a fugir. Nada (cor)responde à nossa vontade. E toda aquela confiança (empáfia?) desaba. E, se houver tempo, vem-nos à memória uma frase batida: "hoje é o primeiro dia do resto da minha vida". Não, não há necessariamente flashback. Mas há um regresso à posição fetal.


Com sorte, pode ser apenas o nosso "primeiro dia". Mas também pode juntar-se o azar de ser o último de alguém...





O ignóbil ignora o azar e esquece a sorte. E reincide. Já quem escapa ao prefixo, recrimina-se para sempre e acaba por morrer... um pouco.



sim... Asas do Desejo, de Wim Wenders!



Mas, estranhamente, também pode haver um mórbido prazer nisto...





PS: conduzam com cuidado!



quarta-feira, março 21, 2007


O tal post,

exemplo de concisão ...

(porque o prometido é devido!)




Legenda:

Ovo de Colombo frustrado.
Diz ele que assim não brinca e que só volta lá para a Páscoa.

Singela homenagem cromática ao "Senhor dos passos".



Posto isto ...


... quem se sentir enganado deve clicar!



PS: Não é publicidade. Pressinto é o desagrado do freguês, apesar de já ser Primavera ...


quinta-feira, março 15, 2007



AGORA E NA HORA DA NOSSA MORTE


- Exercício meramente especulativo
sobre o bloguecídio -






Por muito que me custe admitir, acabei por achar piada a blogs (eu sei... mas prefiro "blogs" a blogues!). E logo eu, que dizia o piorio desta moda... Hoje, acho sinceramente que são decisivos para o progresso da nação. Vai daí, quantos mais, melhor!



A minha experiência recente mostra que os primeiros meses do ano são férteis em nascimentos de blogs. Há inúmeras razões para a concepção (já que aqui dificilmente se imagina o descuido) e também períodos de gestação muito variáveis. Bom, mas tudo isto porque tenho tropeçado em várias festas de aniversário...





No princípio não liguei, mas a repetição da efeméride fez-me reparar na idade dos blogs. Em regra, um ano; dois, no máximo. Todos muito imberbes, portanto. Nem um na idade adulta. Embora, muitos, precoces na fala...

E esta constatação assustou-me (...). É que parece que a síndrome da morte súbita resolveu assentar arraiais na blogoesfera! Ou isso ou uma perigosa depressão pós-puerperal retardada.





Seja o que for, esta curta esperança de vida intrigou-me ao ponto de ir ver a idade do "Sono"... CHOQUE!! Fizemos um ano no mês passado!!

Cum ............, devíamos ter tomado providências!





No meio disto tudo, há o consolo de, em grande medida, podermos decidir o se, o quando e o como do falecimento.


E depois, a experiência mostra mais uma vez que:


Quem, no fundo, não quer desaparecer anuncia, com antecedência, a sua intenção suicidária na expectativa de ser dissuadido.


Quem simplesmente se desinteressa do (seu) blog, deixa que ele morra de morte natural (por inaninação), não voltando lá.


Já quem, tendo ganho carinho pelo blog (e respectiva freguesia), decide pôr-lhe termo, hesita: Despede-se? Dá razões? Atribui culpas?






Definitivamente, este é um universo privilegiado. Podemos ter a ousadia de jogar xadrez com Ela...






... ou de, simplesmente, optar por gozar...









Promessa: o próximo post será um exemplo de concisão. E, não, não será o nosso epitáfio!




sexta-feira, março 09, 2007




CONTRACORRENTE







Já chateia esta mania das correntes, do tipo "leia isto, faça aquilo, envie a mais 127 papalvos ou acontece-lhe uma coisinha má!".


E como se não bastasse as cartinhas sinistras (endereçadas ou não), mais os emails, agora (e já não é de agora) pegou a moda nos blogs.


Era previsível, claro. Assim como é previsível o pretexto habitualmente escolhido: "descreve-te!".
A forma utilizada pode ser pueril ou provocatória, mas vai sempre dar ao mesmo: "descreve-te!".


Não é por nada, mas cheira-me que a razão por que este tipo de correntes não parte não é tanto pelo medo de quem é apanhado de sofrer represálias, mas pela vontade irresistível de picar o próximo.


A isto junta-se uma boa dose de curiosidade.






Mas, sabendo o que a curiosidade fez ao gato e, especialmente, a Pandora, quando esta cedeu à tentação de abrir a caixa, libertando, assim, um vórtice de coisinhas más, não consigo perceber a insistência.




No meio disto tudo, "pedem-me" para dizer sete coisas...






7 coisas que faço bem ...

... obviamente, dormir; ... a digestão; ... de conta; fugir ao assunto; perder tempo; gastar dinheiro; arranjos florais.


mais 7 coisas que não posso / não sei fazer ...

... bolinhas de fumo; contas de cabeça; maltratar velhinhos; preencher declarações de rendimentos; ironia; cantar afinado; posts por encomenda.


mais 7 coisas que habitualmente digo...

"não digo!"; "já te disse que não digo!"; "não digo(,) porra!"; "dasse...!"; "não insistas!"; "ai é?"; "vou-me embora!".


mais 7 pessoas para serem celebridades...

... as que se recusem a entrar nestas correntes.


e 7 vítimas a quem passo o testemunho...

... a quem ler este post sem o comentar!




Recadinho: Entremiles, não esperas pela demora!!!




domingo, março 04, 2007



A (DES)PROPÓSITO

DA EXPRESSÃO:

"TEM TUDO A VER"






"Narciso" deve ser um dos poucos mitos que toda a gente conhece.


O que talvez não se saiba é que narciso ... narkissos ... narko é a raiz etimológica de narcótico... produto muito apreciado aqui no Sono.


Recordando...


Este moço, fruto de uma gravidez indesejada, nasceu possuidor de uma beleza excepcional. Tão rara que assustou a própria mãe (Liríope). Por isso, ela resolveu perguntar a Tirésias (um adivinho cego) se Narciso viveria muitos anos, ao que obteve como resposta: "só se ele não se olhar"...


Lá foi crescendo, sempre ensimesmado, desprezando toda a gente pelo caminho, incluindo Eco, que, coitada, estava condenada por Hera a repetir sempre as últimas palavras que escutava. Até que um dia, Narciso se debruça sobre uma fonte e vê a sua própria imagem reflectida na água. Deslumbrado, consome-se de amor por si próprio e fica preso ao seu reflexo. No local da desgraça nasce uma flor, que recebeu o seu nome.


(Especialmente quanto ao final, há várias versões, mas acabam todas mal. Ah, e consta que foi Némesis que, para castigar tanta frivolidade, lhe rogou uma praga.)


Trágico destino! Mas bonito...


É claro que Freud e Jung também acharam a história um must! Esta e aquela outra do Édipo.






Em aparente contraste, aparece o fenómeno, já não do culto, mas do desdobramento da personalidade, normalmente associado a um registo maniqueísta: o bom versus o mau; o certo versus o errado.


Registo que também pode oscilar entre o masoquista e o perverso.







Os pretextos que se arranja para falar de antiguidades...


Passemos, então, à actualidade...


Para além do narcótico e do psicótico, ainda temos o claustrofóbico, que se passa com espaços fechados e que se recusa terminantemente a estacionar o carro no parque do




E aqui dou-lhe razão. De facto, que (claustro)mania têm os espanhóis de fazer os acessos aos parques em espiral. Parece que querem proporcionar aos clientes uma viagem alucinante pelo ralo abaixo. De cortar a respiração!




Finalmente, o moleskine. Um bloco de notas muito in, que não tem culpa do dono que lhe calhou na rifa, mas que fica com a ingrata tarefa de o lembrar de coisas insignificantes como: "no próximo post faço-te publicidade!"

"Mas só se vier a propósito..."