sexta-feira, março 28, 2008



A PSICOLOGIA DO TAMANHO







Há qualquer coisa de irresistível no eterno confronto entre o pequeno e o grande. Quer se fale de aspectos fisionómicos, de Mercedes, de povos ou nações, de economia ou de qualquer outra coisa, o grande aparece quase sempre em vantagem. Só por ser grande.

Mas, se calhar, por ser grande não comove tanto quanto o pequeno, a que facilmente se associa fragilidade e porventura até inocência.

Pode dizer-se que "menos é mais", mas já não que "menor é maior", ainda que possa ser melhor.

Vencem-se as impossibilidades matemáticas, mas não as físicas.

Johnathan Swift em "As viagens de Gulliver" teve a ideia sedutoramente fantasiosa de colocar o protagonista simultaneamente na condição de gigante e de anão sem, todavia, lhe alterar o tamanho...


Esse é relativizado em função do tamanho dos outros.







Enquanto o fascínio que Gulliver gera nos habitantes de Lilliput está associado à ideia de poder e de como ele pode ser um precioso aliado...







...em Brobdingnag, terra dos gigantes, Gulliver ganha a perspectiva dos lilliputianos. E aqui já não é símbolo de poder, mas objecto de curiosidade, que é sempre (perversamente...) despertada pelo insólito.

Uma espécie de brinquedo animado, gerador de alguma
ambiguidade.







Também Barrie inventou Peter Pan, um rapaz que se recusa a crescer e que se dedica a aventuras mágicas.

Aqui, porém, a história é paradoxalmente mais séria porque os protagonistas são crianças. E Gulliver, pequeno ou grande, sempre foi adulto.

Séria e preocupante, pois não é natural o receio de ser "grande". Ou é?

Os entendidos dizem que não e até inventaram a "síndrome de Peter Pan" para designar certas disfunções comportamentais, como atitudes imaturas, rasgos de irresponsabilidade, narcisismo, rebeldia e, claro, negação de envelhecimento.

Muito gosta a psicologia de histórias infantis...

Até já inventaram o "complexo de Cinderela", para exprimir a ambivalência da mulher moderna entre o desejo de independência e a expectativa de encontrar o príncipe protector ou qualquer coisa do género...





Bom, mas não agravemos a confusão.

E, principalmente, não dramatizemos.

Isso de não querer crescer ou de não querer ser grande pode também dar belas metáforas de resistência e de
loucura.

E só mais um
clicai ou não!


quinta-feira, março 20, 2008



OS MALEFÍCIOS DA


LITERATURA INFANTIL

- DENÚNCIA! -






Ao contrário do que se pensa, a chamada literatura infantil contém, em regra, mensagens subliminares altamente perversas.





Quando denunciadas, os autores defendem-se dizendo que, afinal, o livro não é destinado às crianças, mas aos pais...








E assim ninguém vai preso!







Educadores:

Juntai-vos a nós neste movimento pela decência!


Não confiais nem num tal
Ruca!


sábado, março 15, 2008


...
IN FIERI (cont.)

(síncrese?)






Houvesse caganitas que nos abrissem o labirinto/

Como portas para a rotunda de Algés/

E confraternizaríamos a pão-de-ló/

Mais um ano chinês/

Ou a épica macacada da palmeira/




Juntar-se-iam a nós pegadas/

Trazedoras de areia e marisco/

Peúgas molhadas naquele rio, que espelha a nossa marquise/

E em cuja viagem se impregnaram de cheiro de gaivota/

Para corrupção de nosso olfacto/




Não se educam as amêndoas de Alice/

Nem com erva, nem com vinho/

São obstinadadas como o
Cassiano/

Amargas, mas a reclamar chocolate/

Na proporção em que o arroz é indeciso/ (ora doce...)




E não se crucifixe o empreiteiro/

Só por se apresentar desvestido/

Esqueceu-se da gabardina, e depois?/

Pelo menos não tem sinos no chapéu/

Nem vive numa urbanização do Taveira/



Enfim, este é assunto que não é para meninos pequeninos...

(providencialmente de f*****?)



Múuuuu!

E se ficásteis preocupados connosco, não ficaides.

Nós somos um humilde, mas, ainda assim, generoso eco dos vossos tormentos!

E completamente a leste do sentido deles...

E ai de quem ousar falar em p*****(...sia), que a janela já está aberta para a eventualidade improvável de ter de atirar alguém do 10º andar...

Aliás, a acontecer tal infortúnio, a música será:





segunda-feira, março 10, 2008






...

Ou seja, em construção.

Aceitámos a sugestão de Tristan Tzara. Cortámos um artigo do jornal em bocadinhos, baralhámos os papelinhos, escolhemos meia dúzia, para dar um registo minimalista, mas o poema dadaísta conseguido soou-nos plagiado:


"Rua torta / Lua morta / Tua porta"


e sombrio...


Decidimos, então, construir este postal por etapas, qual caminho que se faz sabe-se lá como...

Vai-se fazendo!

Sem sentido, de preferência.

Em
ascendência ou em decadência.

Com novidades a montante ou a jusante.

Ao sabor dos vossos humores, também.

Até podeis fazer de papelinhos, que depois colamos
-vos ao calhas.

Quem sabe se não conseguimos um resultado surrealista a fugir para o pop.






Ah, e nestas coisas de trabalhos pesados pedimos sempre ajuda ao Bob the Builder...



terça-feira, março 04, 2008




SOMBRA /
SOMBRA /







Dizem por aqui que andamos sombrios...

De início nem levámos a mal, pois gostamos de sombras.

Que mal pode haver num espaço privado de luz pela interposição de um corpo opaco entre ele e a fonte luminosa?

Fenómeno físico banal.

Mais: as imagens projectadas - silhuetas bidimensionais - podem até assumir formas fantásticas!

Lembrem-se das sombras chinesas.

Para já não falar na propriedade profilática da sombra face ao carcinoma cutâneo...







Contudo, pressentimos uma nota de preocupação a acompanhar essa constatação/impressão.

Como que a dar uma conotação pejorativa ao sombrio.

A significar o quê? Lúgubre?

Essa é boa! Nós nunca nos deitámos no divã deste Sono.

Embora sempre estendêssemos o "tapete preto" aos necessitados.

E continuamos a dedicar-nos (como muito menos afinco, é certo) à temática niilista.

Mas só nos assustámos verdadeiramente quando nos contaram que, em psicologia analítica, a sombra refere-se ao arquétipo que é o nosso ego mais obscuro; i.e. à parte animalesca da personalidade humana...

Invenções de um tal Jung, para quem esse arquétipo foi herdado das formas inferiores de vida através da longa evolução que levou ao ser humano.

Em suma, no limite, a sombra contém todos aqueles desejos que podem ser imorais e violentos!


Chiça!! (desculpai... saíu sem querermos!)

Só falta dizerem-nos que o "nosso" Mr. Hyde anda por aí à solta...






Tolices... só tolices!

A sombra é nossa amiga!

Porém, deixamos-vos um conselho:




Tenhais cuidado com as sombras obsessivas ou obcecadas!


(clicai ou não!)


(v.g. "deixa-me ser a sombra da tua sombra,
a sombra da tua mão,
a sombra do teu cão")


Fugide!