domingo, fevereiro 25, 2007



Entre o plural de modéstia
e o plural majestático,
mais o gerúndio
e o que me der na real gana





O emprego da 1ª pessoa do plural em vez da 1ª pessoa do singular começou por ser um sinal de modéstia. Soava menos arrogante e umbigal dizer-se "Nós, El-Rey, decretamos" em vez de "Eu, El-Rey, decreto". Mas rapidamente esse plural se banalizou, passando de modesto a majestático, i.e., a pedante.


Ainda assim, acho que o modesto e o majestático podem conviver pacificamente neste pronome.


Se eu disser:

"Nós somos muito parvos"

ou até

"Nós somos muito espirituosos"

... estou a ser modesto.

Já se eu disser:

"Dá Deus nozes a quem não tem dentes"

... estou a ser majestático.



Isto para um breve apontamento inicial.


Agora, para um assunto completamente diferente...




O gerúndio anda a irritar-me!

Explico:

Mi dizculpem o dizabáfu, maiz o xerúndio mi anda irritando.
Nossa, nada contra brásileiro, não!
Maiz contra um vizinho brásileiro qui mi dá nos nervo, pô!
Por isso quando ouço xerúndio, sofro um treco, cara!

E assim vai pagando o santo pelo picadorr, né?



E, a propósito...

Já está na altura de criar um programa de selecção de vizinhos e, aproveitando a oportunidade, de inquilinos.






Ou seja, qualquer candidato a esses estatutos devia ser obrigado a submeter-se a um período experimental (durante 6 meses) numa casa modelo minada de câmaras, que captariam, durante 24h, todos os seus hábitos.


Mas isto em circuito fechado, claro. De modo a que a visualização das imagens só ficasse acessível aos virtuais prejudicados, a quem, naturalmente, caberia a decisão da sua admissão.


Isto sempre acompanhado de um atestado a certificar a sanidade mental do candidato, além das declarações de rendimentos e de renúncia ao sigilo bancário.


É que a experiência mostra que já não se pode confiar na sorte...












Mas enquanto essa solução não vingar, lá teremos de recorrer aos métodos defensivos tradicionais...






Podem costurar em casa ou comprar já feito.





Uns até trazem livro de instruções! Esta foi a edição que escolhi. Muito bom!




segunda-feira, fevereiro 19, 2007


All about us

- O sono não dorme -







Do sono lento ao chamado sono paradoxal (REM: rapid eye movement), o sono está sempre acordado.

O sono REM está muito próximo da vigília. É aqui que surgem os sonhos. É também aqui que se fala a dormir, que se tem terrores nocturnos e manifestações de sonambulismo.

Paradoxalmente, é muito difícil acordar alguém deste sono. Em compensação, é muito fácil acordar dele espontaneamente.

Nós, por aqui, temos algumas perturbações no sono...

. da roncopatia à apneia

. da insónia à narcolepsia

. da parassónia à paralesia


Somos uma espécie de bela adormecida em alvoroço.

Se submetessemos este blog a uma electroencefalografia e tentássemos interpretar os posts à luz da teoria do sono, facilmente concluiríamos que, em geral, o nosso sono é lento, embora com episódios de agitação com frequência semanal.

Também já nos demos conta de que o grau de desassossego aumenta drasticamente quando somos adormecidos ao som de canções de embalar sinistras, como esta:


Three blind mice

Three blind mice, see how they run!

They all ran after the farmer's wife,

Who cut off their tails with a carver knife,

Did you ever see such a thing in your life,

As three blind mice?



Especialmente quando ilustradas pela Paula Rego!



Mas isto somos nós. Agora, nós também queremos saber...


All about you!




Como é evidente, tudo o que disserem fica só entre nós!

Então, vamos lá:

Digam-nos como dormem, dir-vos-emos quem são!

Para um diagnóstico mais rigoroso podem também dizer com quem.




quinta-feira, fevereiro 15, 2007





A TEORIA DAS JANELAS PARTIDAS






Formulada a propósito do/a:

. mimetismo destrutivo

. abandono

. desistência


Pode ser uma teoria da sociologia urbana ou uma metáfora da degradação existencial.

Uma janela partida é um convite para partir outra; a falta de um botão no elevador é uma sugestão para arrancar outro; um grafito numa parede é uma provocação ao seguinte.

É a verdade empírica de que o lixo atrai lixo, num movimento espiral e perpétuo de estrago.

Nisto, encontram-se a nostalgia dos (bons) velhos tempos, sofrida por quem assiste, e o desassossego deliquente, que anima a destruição.





Mas o espectador e o protagonista podem conviver na mesma pessoa. E não raramente o espectador cede ao protagonismo da (ou do que crê ser a...) sua própria desgraça. E esquece-Se.

. da barba por fazer ao banho por tomar

. do faltar ao emprego à perda dele

. do não saber onde mora ao não ter onde morar



Moralidade (duvidosa): não vale a pena continuar a abotoar uma camisa quando se começou pela casa errada.




Não sei exactamente porquê, mas sinto que tem imenso a ver...


Dedicatória



domingo, fevereiro 11, 2007





ESPUMA DE BATATA


(OU A RAZÃO POR QUE NÃO VALE A PENA LER AS CRÍTICAS / SUGESTÕES GASTRONÓMICAS DO JOSÉ QUITÉRIO NO EXPRESSO)




Tia Janica



Nota prévia: vou intervalando com um menu de degustação fílmico, para não adormecerem...




Trinta anos depois de lá ter estado, volto ao "Tia Janica". Agora com a vantagem de o caminho estar alcatroado. Não é fácil descobrir este restaurante. Chegados ao Carregado, procurem o âmago da povoação. Lá encontram o Pingo Doce. Não é aí, mas perguntem a um dos "caixas" onde fica.


A casa que o acolhe não se distingue das vizinhas. Azulejos por fora e por dentro (chão e paredes). Anuncia-o um pequeno letreiro em néon, patrocínio dos cafés Delta (e assalta-me à memória aquela frase de Teixeira de Pascoaes sobre as azenhas...).






Espaço amplo, capaz de acolher 120 mastigantes (com um anexo proposital para celebrar almoços de casamentos e de baptizados, com palco para a opcional banda), mesas atoalhadas com papel a condizer com os limpa-bocas, apetrechos sumários, serviço de pratos e de copos do pior que há, iluminação a 40 Watts, descobre-se um aparelho de electrocussão do mosquedo e os cantos estão decorados com televisores. Ligados.





A lista é decepcionante. Nos peixes tudo cheira a viveiro, nas carnes a variedade é parca; por exemplo, não há porco.

Das cerca de 25 entradas, optámos pelo desconsolado melão com presunto (cuja pata estava longe de ser negra) e pelas sardinhas albardadas. Não deixaram saudades.





De peixes, arrematou-se o Bacalhau à Brás (com a batata palha insolitamente substituída por arroz basmati) e os peixinhos da horta (para evitar os bichos de aquacultura).

Nas carnes ficámo-nos pelo borrego assado (sequíssimo e acompanhado de batatas, em vez da espuma delas...) e pelo pretensiosa e inadequadamente apelidado Goulash de novilho, que mais não era do que fêveras do mesmo salteadas na sertã e com o indesculpável esquecimento do louro.





Esperava por nós uma dúzia de doces, tudo sem graça, do tipo pudim Flan a fingir de Abade Priscos. Pedimos fruta da época, saíu-nos morangos.

A carta de vinhos era pobre: 35 tintos, 7 brancos, 3 verdes brancos e 2 espumantes.






Em suma, e abstraindo das travessas de inox e da irritante presença decorativa do galheteiro, que já nem o é, o "Tia Janica" põe o Carregado no mapa gastronómico!



Zé (Sem) Critério



PS: As duas primeiras propostas fílmicas são de salão, já as remanescentes são um bocadinho para o canibal. Do amuse bouche à refeição pesada... boa digestão!


terça-feira, fevereiro 06, 2007



A VERDADE DA BOLOTA ESTÁ NA ÁRVORE







Acho que a frase é de Hegel. Muito dado à ontologia, o rapaz deve ter-se lembrado dela quando andava intrigado sobre a verdade do "ser em potência". E fosse qual fosse a intenção com que a disse (e (des)confio que ela corre para montante da bolota), tomo-a de empréstimo para fazer a apologia da árvore (e não da metafísica).



by Paula Rego




Obviamente, VOTO SIM!!


segunda-feira, fevereiro 05, 2007



PERFIL DO VENCEDOR:






ZORZE !!


Por muito que me custe... Até porque aqui o marciano me relegou para último lugar no concurso dele (claramente arremedado do meu!) e isto apesar de o meu post ser indiscutivelmente o melhor; um post magnífico, que tinha por cenário Portugal profundo dos anos 70 e que relatava o falecimento de um padre (que tinha o hábito - pouco católico - de andar em pelote nos Verões quentes) por aneurisma da aorta abdominal, fruto do consumo excessivo de bebidas energéticas. Educativo e tudo. E depois, tínhamos combinado "que uma mão lavava a outra". Mas a cagufa é uma coisa linda... Pois não é que Sua Exa., no momento de anunciar os vencedores, se esconde atrás do Eládio Clímaco? Mas tudo bem! Tudo bem! Ao menos eu sou sério! E o júri é soberano, apesar de comprado ou coagido. Leva lá os parabéns, ZORZE!! (RMA!!)

E, afinal, o importante é participar... Emocionado agradecimento a todos!

Pode ser que para o ano me dê outro achaque de puerilidade, se ainda cá estiver...


domingo, fevereiro 04, 2007



Período de ...





não perceberam, pois não?

Então, outra vez: período de ...







o quê, ainda não perceberam?

... de REFLEXÃO, caramba!





Está na altura de pensar bem nas alegações finais. O veredicto está a formar-se e será anunciado amanhã. Se querem torcer por alguém neste concurso, depositem as esmolas nas caixas dos concorrentes, i.e., nos lindos posts que aqui publicaram. Os concorrentes que façam...



(figas... figas, canhoto!)



E recordo que os concorrentes são:



Zorze com o seu "O despertar de um serial killer: eu!"

NoKas com o seu "Como ficar com os olhos em bico"

Matisfolle com o seu "Beber pelo nariz"

La Tournée du Chat Noir com o seu "Puxar a brasa à sua sardinha"

1entre 1000's com o seu "Check up's frequentes"

Pacheco Pereira com o seu "Laughing out Loud"

sábado, fevereiro 03, 2007



Laughing Out Loud

(e mais a polivalência linguística do "cujo")





Como é sabido, não há ninguém mais pró-americanóide do que eu. Sou tão acriticamente devotado à cultura anglo-saxónica, em geral, e à "red neck" , em especial, que já nem sei qual é a função gramatical do "cujo". Exemplifico: para mim, o blog cujo gosto mais (a seguir ao meu) é o Sono! LOL!!


E LOL significa "rir muito alto"; isto para os broncos desta parvónia, que é Portugal. Mas daqui ninguém me tira. Ou há sítio melhor cujo este? Algures me dariam tanta importância?


Por isso, e também em homenagem ao Camões, cujo é (a seguir ao Cunhal, cujo fiz (n)uma biografia) o português mais importante, lanço um repto, cujo é este: substituamos o LOL pelo RMA, cuja sigla significa precisamente o mesmo e é mais patriótica.

E se as opiniões se extremarem, agende-se um referendol! LOL! Rectius... RMA!



As minhas cujas saudações,



Pacheco Pereira (Abrupto)

aka (também conhecido por... ou TCP)

Cujo

sexta-feira, fevereiro 02, 2007



Check up's frequentes


Mais um dia no hospital Uniblog




Ora portantuuussss a ver sector 7: já fui ao 322, cumprimentei a 319, verifiquei os resultados das análises do 420; espreitei o oxigénio no 218, mas antes ainda passei pelo 177 para alterar a medicação. Se bem que hoje não posso deixar de ir até ao 227 do sector 8, para saber como passou a noite. Mudar o horário da terapia de electrochoques no 307, e dar uma espreitadela no quarto de paredes fofas do 178. Não consigo tirar da cabeça a 233, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, mas não conseguiu recuperar do coma...


322 - http://clubedoinutil.blogspot.com/


319 - http://quemquervai.blogspot.com/


420 - http://circusordinalli.blogspot.com/


218 - http://maisvalericoecomsaudequepobreedoente.blogspot.com/


117 - http://sooono.blogspot.com/


227 - http://grandefabrica.blogspot.com/


307 - http://alienacaozorziana.blogspot.com/


178 - http://asterisko.blogspot.com/


233 - http://debaixodeaguaquente.com/



by 1entre1000's (entretantuus)

quinta-feira, fevereiro 01, 2007



Puxar a brasa à sardinha



La Tournée du Chat Noir c'est une nouveauté sur le web, et je suis déjà à la recherche de mon chat.

Quelqu'un "atirou com o pau ao gato, mas ele não morreu e desapareceu". Si quelqu'un le trouve, merci de faire visite à la maison.


by Redundante




Brigada dos Blogs, sem mais nenhum assunto, despede-se e aconselha este guia turístico para a busca do gato preto. MAI NADA!





by Brigada dos Blogs (La Tournée du Chat Noir)