domingo, setembro 30, 2007



A ARCA DO HADDOCK





Vimos dar-Vos conta, estimados fregueses, que, antecipando o inevitável dilúvio, nestes tempos de aquecimento blogal, iniciámos a construção de uma arca para garantir a preservação das espécies bloguistas mais divertidas.

Não tem sido tarefa fácil, pois, desde o tamanho, formato, iluminação, ventilação e materiais a utilizar, tudo obedece aos rigores de um caderno de encargos completamente idiota.

E depois o pessoal do estaleiro não está habituado a este tipo de empreitada.

Já começaram a disparatar, dizendo que esta "caixa" não tem condições de navegabilidade, apesar de termos explicado até à exaustão que o propósito não é o de navegar, mas sim o de flutuar.

Mas não entendem... a não ser quando se afogarem!






Seja como for, estamos a ensaiar soluções logísticas que proporcionem o maior conforto possível às espécies que achamos merecedoras de perpetuação.

Em vez da solução "tudo ao molhe", estamos a tentar arrumar as espécies bloguistas por perfil, a fim de evitar, aquando do embarque, discussões e bulhas parvas sobre quem fica com quem.

Até porque há espécies que não se toleram.




Como é evidente, não podemos prometer um quartinho para cada um de Vós. Tereis de Vos conformar com a solução "camarata".

E depois, por mais que Vos custe, teremos de proceder à divisão rotativa de tarefas. É que não há aqui 1ª classe e classe turística e a tripulação somos todos Nós.





É claro que, para que esta democracia flutuante não degenere em anarquia naufragante, reservamo-nos o comando da nau.

Mas como a tarefa de impor disciplina exige mais do que um pulso firme, nomeamos como (oficial) imediato a milu, a quem confiamos o poder de aplicar castigos a quem for que perturbe a ordem semi-pública desta arca.

No limite, quem se portar mesmo mal vai "borda fora"!





Patrocínio (nosso?): Quinta dos Cozinheiros. E o que vale aos latifundiários, produtores do néctar, é a cotação da coisa na Bolsa de Vinhos... (clicai ou não!)


quinta-feira, setembro 27, 2007



A lei da utilidade marginal decrescente

ou

a anatomia da procura


(breve ensaio sobre a teoria económica do post)





É com ternura que assistimos ao esforço de alguns fregueses para levar a nossa caixa de esmolas às ambiciosas 200 ou até mesmo 300.

É claro que, para que isso fosse possível, seria necessário que cada post ficasse na montra por mais algum tempo do que o habitual.

Só que nós não somos ingénuos. E não nos aventurámos neste negócio sem perceber o mínimo das leis do mercado.

O post é um bem. No caso do Sono, um bem económico. É aquilo que vendemos.

E sabemos que quanto mais ele for consumido pela mesma pessoa, menos interesse desperta. É a lei da utilidade marginal descrescente aplicada ao mercado postal.

Diz essa lei, que é um dos pilares da teoria da procura, que o consumo de cada unidade sucessiva de determinado bem adiciona menos satisfação (utilidade) do que aquela proporcionada pela unidade anterior.





Como facilmente se percebe, se estiverem com atenção - pouco barulho aí atrás!! -, a curva da quantidade consumida tem inclinação positiva, mas é decrescente a curva da utilidade.

Este princípio aplica-se a tudo e assenta na lógica experimentada de que a primeira fatia de pão consumida por alguém faminto tem uma utilidade incomparavelmente superior à eventual décima.

No limite, a décima primeira pode até introduzir uma utilidade marginal negativa com uma bela indigestão.




PS: este ensaio valeu-nos o honroso prémio da omnisciência, atribuído pelo saudoso triliti star (vide infra).



quarta-feira, setembro 26, 2007



POSTAL




Haddock,
Travessa da Morfina, nº googol
2007-269 - Sono
Portugal


Exmo. Senhor
Quinta da Pêra Manca, nº 2003
2003-269 - Alentejo Profundo
Portugal



Engenheiro, querido amigo, esperamos que esteja tudo bem contigo e com os teus. Nós, por cá, vamos indo, como Deus manda. Tirámos uns dias para reabastecer a mercearia de tintol para o próximo Inverno, que promete ser rigoroso. E, nesta nossa viagem pela rota do vinho, dirigimo-nos agora para a tua região demarcada. Além do imenso gosto que teríamos em rever-te, dava-nos especial jeito a tua opinião autorizada e umas quantas cunhas aos produtores locais.


Grande abraço,


Haddock ( (pois, a nossa caligrafia já não é o que era...)


PS: Caso não se concretize o encontro, enviar-te-emos, ainda assim, umas garrafitas de um belo branco lá da nossa quinta.








O que não se faz por um bom freguês... (clicai ou não)


(era para ser a do piano entornado, mas tivemos uns problemas de tubagem... enfim, honestidade acima de tudo. mercearia de categoria é assim!)


terça-feira, setembro 25, 2007


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O Sono conseguiu patrocínio!

Compromissos comerciais obrigam então a este intervalo publicitário.

(além do mais, depois dos últimos episódios postais,
sentimo-nos ligeiramente inchados...)


sexta-feira, setembro 21, 2007




A (vã) glória
por
uma esmola cheia de graxa






É do conhecimento público que a gestão desta mercearia se rege pela mais pura e vergonhosa lógica capitalista.

Move-nos o lucro a qualquer preço. Por isso, arrumamos o orgulho e cedemos aos caprichos dos fregueses.

Decoramos a montra a seu gosto, atraindo-os para o engano.

Quando a mercadoria é de fraca qualidade pomos música-ambiente e oferecemos brindes.

E quando não estamos ao balcão, andamos por aí a fingir que compramos na concorrência, quando a intenção é meramente publicitária.





Uma canseira, mas vai-se (sobre)vivendo.

Há vezes em que nos pagam na mesma moeda.

Os mais descarados então nem entram e optam por entupir a nossa caixa de correio com panfletos.

Também há quem só fique discreta ou envergonhadamente a ver a montra.

Mas normalmente não resiste a espreitar para dentro da loja.

E, mais cedo ou mais tarde, entra (disfarçado ou não) e compra qualquer coisinha, deixando esmola.

Ora, há esmolas de todo o tipo e feitio: das interesseiras às desinteressadas, das lacónicas às prolixas, das bem às mal humuradas, das elogiosas às críticas, etc.

Mas sejam quais forem, a nossa caixa registadora sorri sempre de contente.

Mas feliz, feliz, ela só fica quando entra esmola gorda. E esmola gorda é aquela que é cheia de graxa.

É feio isso? Caros fregueses, são as leis deste mercado selvagem.

E nós não ambicionamos receber mais do que damos...





Dedicatória: ao triliti star, o genial engraxador lá de cima.


terça-feira, setembro 18, 2007



O PRETO EM BRANCO





Como é óbvio, nenhuma insinuação rácica.

Mero elogio à cor.

Pensámos até escrever a preto, mas receámos a falta de contraste.

É que certo dia fizemos aqui um "ensaio sobre a cegueira" e escrevêmo-lo em braille e a coisa não resultou lá muito bem (em preto...).

Imensos protestos.

E manchas digitais nos ecrãs do pc's...



Também não vamos pôr nada preto no branco.

Quando muito, branco no preto.

Em branco sobre o preto...






Gostamos de preto.

Não nos deprime ou assusta.

Nem temos medo de gatos pretos.

Simplesmente, não gostamos de gatos.

Enfim, de alguns até gostamos.

Mas são excentricidades onomásticas daqui.







Dizem que abusamos um bocadinho do preto.

Exagero!

As outras cores também nos vestem e calçam (e bem!).






De resto, tirando os trapos, pouco mais temos em preto.

Embora digam por aqui que (por vezes) temos um "humor negro".

Mas negro não é preto.

E outra coisa ainda, em nossa defesa: o preto não é fúnebre. (clicai ou não)



domingo, setembro 16, 2007



POSTER





VIEMOS SÓ DEIXAR A ROUPITA PARA O JANTAR



(e atenção aos cotovelos que isto de bulhufas é coisa fina!)

quinta-feira, setembro 13, 2007



BULHUFAS!





Na sequência do dissabor causado pela última refeição postal, cá estamos - em mais um acto de humilhante penitência - para minimizar a halitose com a oferta de uns implantes, que cumprem, em permanência, a função desodorizante da pastilha elástica.

Com a vantagem de assim prevenirmos eventuais reacções adversas às delicatessens que aqui futuramente servirmos.






Este espírito merceeiro que nos caracteriza, obriga-nos ainda a mudar a ementa e a voltar aos pratos que deram fama a esta casa.

Sempre confeccionámos, com arte culinária variável, "bulhufas" (com aquele sabor tradicional do "nada" abstracto) e o intervalo inédito que fizemos mostra - como prova o livro de reclamações em anexo - que a cozinha concreta, ainda que artisticamente decorada, não agrada ao fino paladar de V. Exas.





Pois, seja. Por uma vez (só!), sacamos o nosso cartão de crédito para vos proporcionar um jantar supimpa num ambiente agradável e nada criminal(ístico).

Servido pelo Alfredo.

Esperamos que gostem de passarinhos...




E tenham paciência com este "quer flor?"...


quarta-feira, setembro 12, 2007




Anatomia de um crime

ou a

fisionomia do criminoso?





O cavalheiro aqui de cima chama-se Lombroso (1835-1909) e é considerado o fundador da antropologia criminal.

Médico-psiquiatra italiano, alinhou no movimento do positivismo sociológico e procurou associar certas características físicas à psicopatologia criminal.

Foi sensível a certos traços fisionómicos dos deliquentes habituais, como assimetrias do crâneo, mandíbulas, orelhas, etc.

E chegou à brilhante conclusão de que havia determinadas características somáticas que denunciavam um "criminoso nato".





A intenção era boa, claro. Pretendia assim contribuir para neutralizar o perigo que para a sociedade representam certos indivíduos. Provavelmente os mais feios...

Felizmente, a precaridade do método científico utilizado foi prontamente denunciada.

Um certo "racismo científico" mal disfarçado.





Uns anitos mais tarde, já na década de 70, começa a ganhar especial fôlego a psicologia das emoções.

E mais um cavalheiro, de nome Ekman, inventa o Facial Action Coding System, que serve, ainda hoje, para interpretar, no plano psicológico das emoções, a expressão facial.

Uma espécie de autópsia psicológica da expressão facial, estais a ver?





A razão de toda esta lenga lenga foi a estupefacção que nos causou ouvir de um suposto especialista em psicologia forense a afirmação - como se fosse apodíctica - de que não sei quem, com quem nunca esteve sequer, sabe tudo o que se passou a propósito de um certo crime.

Isto à conta de umas quaisquer incongruências faciais que surpreendeu numa entrevista televisiva dada por esse não sei quem.

Estupefactos, mas esclarecidos. Basta, portanto, consumir todos os telejornais para adivinhar o culpado. Método científico de excelência, não haja dúvida.

Mas também não gostámos da cara dele. Mais aquelas expressões de chico-esperto. Alguma deve ter feito...






E depois, nada de exageros. O penteado também tem muita importância indiciária.





O pentado e as patilhas.


domingo, setembro 09, 2007




ADVERTE-ME, QUE EU GOSTO!




Chegou-se a um ponto em que as agências de publicidade de referência estão mais interessadas na auto-promoção do que propriamente em promover o produto do cliente que as contrata.


Se repararmos, em muitos casos ele nem aparece. Ou praticamente não se nota.


Dir-se-ia que a eficácia deu lugar à estética. Será?






Se há indústria que não é inocente, é esta.

Um propósito serve o outro.

E vale tudo. Da provocação à mensagem subliminar.





Passando por reclamos aparentemente sem graça.






Desagradáveis, estúpidos ou simplesmente irritantes.






Ou até mesmo detractores (?).


Mas não nos iludamos...

"Falem mal, mas falem!" Raramente o produto se ressente.

E isso da publicidade enganosa só destrói a imagem de pessoas, não de coisas.





Vai uma batata frita?


quinta-feira, setembro 06, 2007



HAUTE COUTURE?

(ou como fazer um post completamente idiota)





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Certo dia, um Palhaço nosso amigo veio com esta: "diz-me quem vestes, dir-te-ei quem és"! Ficámos chocados. Primeiro, porque nunca lhe tínhamos dado permissão para nos tratar por "tu"; depois, porque não se deve julgar ninguém por aquilo que veste, mas por aquilo que calça!


Mas a verdadeira beleza é a interior...





Fomos às compras...

segunda-feira, setembro 03, 2007




MAUS HÁBITOS





A eterna ladainha... o hábito não faz o monge e não nos fiemos em frei Tomás.

Não deixa de ser curioso que a lição popular sobre a virtude e a aparência dela tenha escolhido clérigos como exemplo.

Mas a explicação é fácil. Se são eles os doutrinadores de uma verdade (moral), devem-nos então um comportamento que a honre.

Há que viver os dogmas que se catequizam.

E isto vale para qualquer espécie de "catequista".




Mas as públicas virtudes sempre despertaram a vontade (perversa?) de denunciar "as incoerências do santo".

Não há ninguém (para sempre) consensual.

O consenso causa irritação.





Como não pode haver ninguém perfeito, para bem das nossas imperfeições.

Um dos "sete" deve ter cometido...




Mas há maus hábitos que não são pecados capitais.

Por vezes não passam de - ou então tentam passar por - brandos costumes, quase benignos...






Mas também há os maus hábitos que degeneram em (pejorativo) vício.

Raramente assumido.

E esses, sim, podem fazer o monge.

Parece que depende dele... (clicai ou não)




Ah, e como já faz tempo que não sugerimos nada, ocorreu-nos, nem sabemos bem por quê, este:





E agora vamos até ao "Maus Hábitos" ver a vista...