Um professor de fonética, Henry Higgins, aposta com um amigo, o Coronel Pickering, que é capaz de transformar, no espaço de seis meses, uma "simplória" vendedora de flores, com pronunciado sotaque cockney, numa dama da alta sociedade. Eliza Doolitle candidata-se a essa experiência.
Claro que não há quem não tenha visto o filme, com a Audrey Hepburn a fazer de Eliza Doolitle e Rex Harrison a fazer de Prof. Higgins.
Esclareça-se que já foi exibido 3572 vezes na RTP.
(E não, não mencionaremos o "não-sabemos-quem", que enche salas de teatros por estas bandas; embora lhe reconheçamos mérito, ai pois reconhecemos! Mas não, não fomos... Escusais de cair escandalizados para o lado.)
Enfim, seja como for, sempre se adivinharia o fim da história.
Foram dois psicólogos norte-americanos que o descobriram e baptizaram na sequência de um estudo sobre como as expectativas dos professores afectam o desempenho dos alunos.
Ter-se-á passado mais ou menos isto:
Introduzamos agora a mais comum das cobaias: o rato (ou talvez não...).
Para confirmar o "efeito pigmaleão", foi feita uma outra experiência, mas desta vez numa universidade dos EUA: foi dado a cada um dos estudantes que nela participaram um rato de laboratório e um labirinto. O propósito era, obviamente, o de fazer com que o rato encontrasse a saída do labirinto.
A metade dos estudantes foi dito que o rato que lhes calhou era estúpido e que só a muito esforço conseguiria descobrir a saída.
À outra metade foi dito exactamente o contrário; quando, na verdade, todos os ratos tinham o mesmo coeficiente de inteligência: baixo...
Confirmou-se o que se pretendia: os segundos ratos foram muito mais expeditos a encontrar a saída.
Como é óbvio, não foram os ratos que se entusiasmaram por alguém lhes ter elogiado a inteligência.
Foram os alunos (as verdadeiras cobaias), a quem foram criadas expectativas quanto ao comportamento dos ratos, que tudo fizeram para que elas se confirmassem.
Tudo isto é extrapolável, claro!
...
Como?
Se há moral da história?
Bom, quase no fim da peça, a menina Doolitle em conversa com o Coronel Pickering, que sempre a havia tratado com sincera cortesia, argumenta, avant la lettre, com o efeito pigmaleão: teria sido a expectativa que sobre ela racaiu a fazer o resultado.
Quanto ao mais, e se quisermos "cumprir" a intenção do mito, façamos nossas as expectativas dos outros.
E que realizeis as vossas profecias!
Resumindo, um excelente 2008!