sábado, dezembro 29, 2007



O EFEITO PIGMALEÃO

(OU A PROFECIA AUTO-REALIZÁVEL)





Pigmaleão, figura da mitologia grega, era Rei de Chipre e também escultor. Um escultor que se dedicou a esculpir uma estátua que desse forma à mulher ideal.

Nenhuma lhe serviu de modelo, por não haver uma capaz de representar esse ideal de beleza e de pudor almejado, razão pela qual ele havia optado pelo celibato.

O resultado foi tão perfeito que Pigmaleão se apaixonou pela própria escultura.

E implorou que lhe dessem vida.

Afrodite concedeu-lhe essa graça e a escultura animou-se em mulher, Galateia, com quem Pigmaleão casou e teve um filho, Paphos.

E foram felizes para sempre...






Por ser tão intenso quanto profícuo, o mito de Pigmaleão serviu de inspiração à peça homónima de Bernard Shaw, que depois viria a ser adaptada para o musical My Fair Lady.

Um professor de fonética, Henry Higgins, aposta com um amigo, o Coronel Pickering, que é capaz de transformar, no espaço de seis meses, uma "simplória" vendedora de flores, com pronunciado sotaque cockney, numa dama da alta sociedade. Eliza Doolitle candidata-se a essa experiência.


Claro que não há quem não tenha visto o filme, com a Audrey Hepburn a fazer de Eliza Doolitle e Rex Harrison a fazer de Prof. Higgins.

Esclareça-se que já foi exibido 3572 vezes na RTP.

(E não, não mencionaremos o "não-sabemos-quem", que enche salas de teatros por estas bandas; embora lhe reconheçamos mérito, ai pois reconhecemos! Mas não, não fomos... Escusais de cair escandalizados para o lado.)

Enfim, seja como for, sempre se adivinharia o fim da história.









Mas o mito de Pigmaleão tem servido também outros propósitos, menos artísticos e mais científicos.

Foi aproveitado pela psicologia para ilustrar o efeito das nossas expectativas em relação à realidade. O modo de a percebermos e até de a modelarmos em função delas. Daí a expressão "efeito pigmaleão".

Foram dois psicólogos norte-americanos que o descobriram e baptizaram na sequência de um estudo sobre como as expectativas dos professores afectam o desempenho dos alunos.

Ter-se-á passado mais ou menos isto:

Numa escola do ensino básico, e no início do ano escolar, estes psicólogos submeteram todas as crianças das várias salas de aula a um teste de inteligência.

Por sorteio, escolheram 20% das crianças e disseram aos professores (que desconheciam o critério aleatório da escolha), que os resultados dos respectivos testes indicavam uma forte probabilidade de um desempenho intelectual acima da média.

No final do ano lectivo, todas as crianças foram novamente submetidas ao teste.

E aquelas cujos professores foram levados a crer que mostrariam um destacado desempenho intelectual tiveram resultados superiores.

Trata-se de uma profecia auto-realizável, pois é o autor da profecia que faz com que ela se concretize.





Introduzamos agora a mais comum das cobaias: o rato (ou talvez não...).

Para confirmar o "efeito pigmaleão", foi feita uma outra experiência, mas desta vez numa universidade dos EUA: foi dado a cada um dos estudantes que nela participaram um rato de laboratório e um labirinto. O propósito era, obviamente, o de fazer com que o rato encontrasse a saída do labirinto.

A metade dos estudantes foi dito que o rato que lhes calhou era estúpido e que só a muito esforço conseguiria descobrir a saída.

À outra metade foi dito exactamente o contrário; quando, na verdade, todos os ratos tinham o mesmo coeficiente de inteligência: baixo...

Confirmou-se o que se pretendia: os segundos ratos foram muito mais expeditos a encontrar a saída.

Como é óbvio, não foram os ratos que se entusiasmaram por alguém lhes ter elogiado a inteligência.

Foram os alunos (as verdadeiras cobaias), a quem foram criadas expectativas quanto ao comportamento dos ratos, que tudo fizeram para que elas se confirmassem.

Tudo isto é extrapolável, claro!

...

Como?

Se há moral da história?

Bom, quase no fim da peça, a menina Doolitle em conversa com o Coronel Pickering, que sempre a havia tratado com sincera cortesia, argumenta, avant la lettre, com o efeito pigmaleão: teria sido a expectativa que sobre ela racaiu a fazer o resultado.

Quanto ao mais, e se quisermos "cumprir" a intenção do mito, façamos nossas as expectativas dos outros.

E que realizeis as vossas profecias!

Resumindo, um excelente 2008!



sexta-feira, dezembro 28, 2007




O IMPÉRIO DOS SENTIDOS:


O TERCEIRO E O SEXTO






Temos para nós que há certos sentidos que têm sido subestimados nesta cidade blogal. E um deles é o faro.

Não vos amofinais com a designação. Bem sabemos que é mais educado falar de olfacto, mas o termo é pouco significante da proximidade em que ele está do sexto sentido.

Diz-se desse sexto sentido, injustamente sexista, que ele corresponde a uma percepção extra-sensorial.

Não se sabe se é extra ou pré-sensorial ou se é extra por ser pré. Pressente-se.

Há quem prefira associá-lo a intuição, talvez para fugir à conotação mediúnica do pressentimento.

Mas, na verdade, não faz sentido dizer que há um sentido - o sexto - que não é sentido.

Ou é carne ou é peixe.

Ou será carne de peixe...?

"(pre)Sinto isto, mas não me perguntes porquê!".

Muito confuso este sexto. Regressemos ao terceiro.







Eis a tomografia do nariz.

O instrumento do faro (o nariz, claro, não a tac).

Com habilidade para processar odores. Ou será essa tarefa do cérebro, com estreita colaboração entre a amígdala e o hipocampo?

Seja lá o que for, tomemos o nariz pelo resto e concedamos-lhe o mérito, que não fisiológico, de interpretar impressões.

Sim, porque enquanto o olfacto cheira, o faro interpreta, explica.

Sendo um sentido, serve para dar sentido às coisas.

É claro que por vezes confunde-se com as fragrâncias.

E assim como há ilusão de óptica, também há ilusão de faro.

Haja bons narizes!






segunda-feira, dezembro 24, 2007



SPAM



Como é sabido, spam designa todo o tipo de mensagens electrónicas com fins publicitários.

Uma chatice.

Uma praga.

E um perigo.

É que sob o disfarce de publicidade essas mensagens podem também ser intrumento de estelionato ou verdadeiros cavalos de tróia, portadores de vírus e vermes.

Também servem para difundir boatos, lançar correntes e propagandear ideologias pouco católicas.

Lixo.




E o spam tanto pode invadir a caixa de correio como a caixa de esmolas.

Quem já não recebeu esmolas que não são esmolas, mas antes descarados convites para consumir em mercearia alheia?

Pois nós, sérios que somos, só fazemos spam sob forma postal.

E a publicidade é a nada ou não fosse bulhufas o prato que melhor confeccionamos.

Bem, de vez em quando lá prestamos serviço público.

Por exemplo, vamos explicar a etimologia de spam.

Ou o que se supõe ser...

Acredita-se que a expressão tem origem na marca "SPAM", que identifica uma lata de carne de porco e que ficou associada ao envio de mensagens não solicitadas por causa dos Monty Python.

O sketch foi concebido para ironizar o racionamento de comida em Inglaterra após a segunda guerra mundial. SPAM teria sido um dos alimentos excluídos desse racionamento, o que levou a que, naturalmente, as pessoas tivessem enjoado o produto.

É claro que esta explicação é mais rebuscada, mas sempre tem mais piada do que a do acrónimo: Sending and Posting Advertisement in Mass.







Enfim, decidimos aproveitar esta quadra *asteriscal*, em que toda a gente anda a passear-se nesta "cidade blogal", mas sem se mostrar, para a nossa auto-promoção.

Mais uma vez fomos distinguidos...

Por a Pinky achar que este Sono até se safa...







Sim, sim: é corrente!

E venham mais sete, mandam as regras!

Ora, nós até andamos com vontade de chatear. Mas vai meio mundo desculpar-se dizendo que não leu este postal por causa do *asterisco* e assim furta-se ao presente.

Muito tempo de estrada, nós...

Por isso, após demorada reflexão, decidimos passar o testemunho aos primeiros sete magníficos que conseguirem amarrotar este spam postal e lançá-lo, com elegante pontaria, para o balde do lixo!




quinta-feira, dezembro 20, 2007




O PONTO INVISÍVEL





São escusadas apresentações. Eis "As meninas" de Velásquez.

Ao centro, a Infanta Margarida, rodeada pelas damas de honor ("as meninas").

À (nossa) esquerda, o pintor em actividade artística.

Do lado direito, duas figuras atrás das meninas, que se acredita serem uma freira e um padre e cuja presença simbolizaria o poder da Igreja em Espanha.

Também surgem dois anões, cujo papel nas cortes europeias era entreter a nobreza, e um cão sonolento.

Ao fundo, nas escadas, o camareiro da Rainha, responsável pela administração da casa real.

Na parede do fundo sobressai o que parece ser um quadro, mas que afinal é um espelho que reflecte o Rei Felipe IV e a Rainha Mariana.

Mas também se vê alguns quadros. Nomeadamente, uma versão de "Pallas e Arachne", de Rubens, e uma reprodução de "O casal Arnolfini", de Jan van Eyck.






A primeira curiosidade é a da ousadia do pintor, que se auto-retrata num quadro sobre a família real.

Facto que o seu prestígio e a íntima convivência com a familía real explicam.

Note-se que Velásquez usa uma condecoração real, a cruz da Ordem de São Tiago, embora esse símbolo só tivesse sido acrescentado na pintura em 1660, após a morte do pintor e quatro anos depois da finalização da obra.


Verdadeiramente intrigante, porém, é saber o que pinta Velásquez.

O seu olhar é-nos dirigido. Dir-se-ia que somos nós, os espectadores, o modelo.

Um "nós" abstracto. O lugar que ocupamos.

É na convergência dos olhares de algumas personagens que se procura o motivo do pintor.

E eles convergem para um ponto invisível.

Mas estará esse ponto invisível dentro ou fora do quadro?







Ao fundo e, portanto, em local não visível para qualquer das personagens, que olham para outra direcção, há um espelho, que reflecte dois vultos que observam, no nosso lugar, mas ad intra, a cena. Os Reis.

Dir-se-ia que são eles os modelos de Velásquez.

E o mistério estaria resolvido.

Mas também pode ser apenas uma armadilha.

Ouçamos Michel Foucault (in: As palavras e as coisas):

"Este reflexo no espelho restitui, como que por encanto, o que falta em cada olhar: ao do pintor, o modelo que o seu duplo representado copia no quadro; ao do Rei, o seu retrato que está a ser concluído no lado da tela que ele não pode distinguir do lugar em que se encontra; ao do espectador, o centro real da cena, em que se colocou como um intruso".

Mas...

"Talvez esta generosidade do espelho seja simulada; talvez ela oculte tanto ou mais do que manifesta (...) porque a função desse reflexo é a de atrair para o interior do quadro o que lhe é intimamente estranho: o olhar em todas as partes um vazio essencial".


Pues que clicaides o no!



segunda-feira, dezembro 17, 2007



A segunda Arte



Sendo por demais evidente o enfado que a nossa peregrinação pela sétima arte causou aos distintos fregueses, decidimos intervalar com mais um momento de wikipédico exibicionismo, mas desta feita sobre a segunda das artes.

Trazemos-vos "O casal Arnolfini", quadro de referência do pintor flamengo Jan van Eyck (1434).

Já não é novidade a nossa preferência pela escola flamenga, pela importância que esta dava aos pormenores.

Recordais certamente (até porque todos os nossos postais se colam à memória...) o destaque ficcional que demos à "Tábua de Flandres".


E daí talvez não, já que muitos de vós estaríeis de f*****.

Seja como for, se essa tábua resolvia um mistério, este quadro é, em si mesmo, um mistério sem solução, que muito tem entretido os historiadores de arte.

Retrata um rico comerciante, Giovanni Arnolfini e a sua esposa (noiva?), Giovanna Cenami, que se fixaram em Bruges.

Durante muito tempo prevaleceu a tese de que a imagem corresponde ao matrimónio celebrado em segredo e testemunhado pelo pintor.






Tese sustentada em vários pormenores pictóricos, mas em especial neste aqui de cima "Johannes van Eyck fuit hic, 1434" (Johannes van Eyck esteve aqui, 1434).

Não era acontecimento inédito um casamento ser celebrado na residência dos nubentes e não na Igreja, desde que lavrado o auto de união a que testemunhas dariam fé.





E o espelho, ao reflectir a cena invertida, regista a presença de mais duas pessoas, que seriam, supostamente, o artista e o sacerdote.


Mas ainda que não fosse esse o propósito, sempre se poderia encontrar como motivações ou a de, simplesmente, retratar figuras representativas da sociedade da época, rodeadas de sinais de riqueza, e/ou a de enunciar as obrigações matrimoniais.

Toda a cena está recheada de pormenores carregados de simbolismo.

No limite, descobrimos quadros dentro do quadro, como disso é exemplo o espelho, considerado, por muitos, o centro de gravidade da pintura.

Mas comecemos pelos protagonistas.





Ele, Arnolfini, considerado um "pedaço de homem" pelas senhoras da época, enverga trajes sóbrios e pesados, porventura desadequados à estação (atenta a luminosidade que entra pela janela), mas que são rematados a pele de marta, sinal de ostentação.

Ergue a mão direita, como quem abençoa a mulher ou então como quem jura fidelidade (ele, um conhecido adúltero).





Com a esquerda, segura a mão da mulher, como expressão de autoridade, dele, e de devoção, dela.






Ela, por sua vez, enverga um vestido verde - cor da fertilidade -, com remates em arminho, e apoia a mão esquerda sobre o ventre.

Poder-se-ia pensar que assim sugere gravidez, mas o casal nunca teve filhos.

Esse facto alimentou uma outra tese sobre o quadro: a de que se trataria de um acto de exorcismo, uma espécie de cerimónia para recuperar a fertilidade.

Note-se que acima das mãos dadas paira um gárgula, que poderia simbolizar a maldição do casamento.







O candelabro tem só uma vela, para simbolizar a chama do amor.

A cama, sinal de continuidade e de linhagem (lugar onde se nasce e morre) está coberta com uma colcha vermelha, a significar paixão.

O espelho é convexo, para espantar a má sorte, e a moldura reproduz 10 das 14 estações da Via Sacra.




Os tamancos, dele e dela, estão espalhados pelo chão. Estavam, portanto, descalços, o que sugere também um vínculo ao solo sagrado do lar e, porventura, a religiosidade da cerimónia.

Além de que se acreditava na época que pisar o chão descalço garantia a fertilidade.






Enquanto os dela estão próximos da cama, os dele estão virados para o mundo exterior. Separação de tarefas.

Repare-se no tapete, procedente da Anatólia, e que é também um sinal distintivo de riqueza.







Assim como as laranjas, importadas do sul, que eram um luxo no norte da Europa.






O cão compõe a cena reforçando o valor da fidelidade.



***


É claro que nada disto se compara ao mistério trazido pela "Última Ceia" de Leonardo.





Mas quem ainda não sabe das maldosas interpretações?






Ou teria mesmo o Mestre querido incluir Maria Madalena na ceia?






E o que faz ali aquela adaga?

Quem ameaça quem?

Ou tratar-se-á de mera falta de etiqueta à mesa?






E quem está de mãos dadas?

Isto para só mencionar o que está ao alcance do olho e já não o oculto...





E o fabricado...




Numa próxima oportunidade dissertaremos sobre os Painéis de S. Vicente de Fora.

quinta-feira, dezembro 13, 2007




"WHO'S AFRAID OF VIRGINIA WOOLF?"


and the





Quem foi o inteligente que disse qualquer coisa como: "o inferno pode estar numa confortável sala habitada por um casal descontente"?

É que não nos lembramos mesmo.

Mas achamos que foi a propósito de uma controversa peça de Edward Elbee, chamada "Who's afraid of Virginia Woolf?", depois adaptada ao cinema por Mike Nichols.




The plot:

George, um professor universitário de História, descontente com a carreira, é casado com Martha, filha do Reitor, que sofre de uma profunda descompensação emocional. Casamento vicioso, alimentado de frustrações e de ressentimentos recíprocos e afogado em álcool.

Convidam um jovem casal, Nick, professor de Biologia, e a sua enjoativa mulher para uma bebida em sua casa.


No decurso da noite, a cortesia dos anfitriões degenera numa espiral de violência verbal e até física, que acaba por atingir os convidados.

O jovem casal, a princípio meros espectadores aturdidos pela miséria existencial do casal mais velho, começa então a dar-se conta do seu próprio antagonismo.







No filme, homónimo da peça, de Nichols, e que foi a sua estreia como realizador, Richard Burton é George e Elizabeth Taylor é Martha.

Consta que se pensou para protagonistas em James Mason e Bette Davis.










Portentoso desempenho do casal.

Merecidíssimo Oscar para Elizabeth, que assim se livrou de vez do estigma da Lassie.




Um cheirinho...


Outro...


Outro...










E perguntais: Mestre merceeiro, mas o que têm a ver os três porquinhos com esta história?

E nós respondemos, perguntando-vos: e a Virginia Woolf?

Pronto, está bem. Quem souber não diga, pois fazemos questão de impressionar.

A interrogação "who's afraid of Virginia Woolf?" é uma paródia (invertida?) à canção da versão animada da Disney dos "Três porquinhos": "Who's afraid of the big bad wolf?".

Albee viu esta piada escrita no espelho de um bar e não lhe saiu da memória.

"Quem tem medo de Virginia Woolf?" significa o mesmo que perguntar "quem tem medo do lobo mau?".

Ou: "quem tem medo de viver a vida sem (falsas) ilusões?". Uma piada intelectual, própria de um ambiente académico familiarizado com a vida e obra da escritora.

No fim da peça, George canta "who's afraid of Virginia Woolf?" e Martha responde "I am, George... I am".



Nota: como o valor dos direitos dessa canção era astronómico, ela aparece entoada no filme ao som de "Here we go round on the mulberry bush".


terça-feira, dezembro 11, 2007




(Clicai ou não!)





Como já fizemos saber (supra/infra), temos profunda aversão a correntes.

Tolhem-nos a imaginação e a ambição de conhecimento.

Com prejuízo para os fregueses.

Qual Prometeu agrilhoado, Nós...

Mas, ou fugimos a sete pés e somos tidos como antipáticos, ou deixamo-nos prender e ficamos chateados.

Após penosa reflexão, decidimos ficar chateados com Frioleiras, Emma Larbos e Lizzie.


Pedem-nos cinco filmes de eleição, vejais! Como se isso fosse possível, depois dos 327 a que já aqui prestámos homenagem.

Tarefa irrealizável, a menos que os distingamos segundo algum critério.

Pois bem, escolhemos este: (cinco belos) filmes que ainda não elogiámos por aqui. Critério tosco, é certo, mas ainda assim honesto e asseado.

Então, aí vai. E sem ordem nem explicações, que estamos com pressa.






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E estamos aqui de sorrisinho ao canto da boca com vontade de chatear as meninas: Milu, Boop', Pinky, Bandida e Amélia. Mas não chateamos...


E, para todos os efeitos (designadamente esmolares), o postal de baixo ainda se encontra dentro do prazo de validade. Podeis consumir à confiança.


sábado, dezembro 08, 2007




DESCUBRAIS AS DIFERENÇAS:




***





Post-Editorial:


Andamos a ser vítimas de uma sórdida campanha difamatória, cujo propósito último é associarem-nos aos "douradinhos".

As nossas honestidade e integridade, que herdámos, e com muito orgulho, de nossos antepassados merceeiros, obrigam-nos a denunciar esta manigância.

Sim, porque por honrada tradição, mas também por íntima convicção, nos recusamos a contribuir para a indústria dos fritos, não obstante a sua sedutora promessa de nos angarir mais fregueses.

Que haja velhos marinheiros dispostos a incentivar o colesterol para poderem pagar o custo exorbitante do lar de terceira idade - cujo eufemismo designativo agora nos escapa - onde foram depositados, até aceitamos, embora revoltados com o sistema.

O que não toleramos é que usem as nossas barbas como exemplo de más práticas alimentares.

Não que não as tenhamos, simplesmente, e a custo zero, não as publicitamos; brincais?





Especial agradecimento ao difamador e retratista de Nós: Anous Nimous .


Quanto ao clicai ou não, estamos a relembrar isto.




quarta-feira, dezembro 05, 2007


CHÁ

TER OU NÃO TER




Sobre a Alice e o Senhor Carroll já dissertámos abundantemente.

Já sabeis, pois, que aquele passeio dela tem para nós um efeito alucinogénio, que nos faz lembrar tempos difíceis de dependência mescalínica.

Ela só aqui aparece como motivo decorativo. Ela e a mesa de chá.

Até porque este postal nada tem de psicadélico (esse era o dos míscaros, mais abaixo).

Quando muito, pode vir a revelar-se ligeira, embora naturalmente, esquizofrénico.

O tema é, portanto, e à partida, "chá".






Não que nos interesse saber de onde vem o costume de beber esta infusão (China) ou quem nos deu notícia dele (Marco Polo) ou ainda quem foi responsável pela introdução deste hábito em Inglaterra (D. Catarina de Bragança).

Mas é de superior importância sublinhar que o consumo de chá na Europa instalou-se primeiro na aristocracia e que passou a tornar-se um ritual social o "chá da tarde", depois conhecido por "chá das cinco", que se converteu num pretexto para exercitar a arte da conversação (e, porventura, a fina arte da coscuvilhice).

A elegância e boas maneiras ficaram, por isso, conotadas com o chá. Daí dizer-se que fulano "tem ou não tem chá".




Actualmente, e por injustiça de associações precipitadas e/ou generalizantes, esse(a) "fulano(a) com chá" é depreciativamente designado por "tio" ou "tia", à revelia de qualquer ligação parental.

Depreciativamente, pela incontornável sugestão de pretensiosismo e de frivolidade.

Longe vão os tempos do "é um Senhor" ou "é uma Senhora".





É pois chegado o momento de uma viragem esquizofrénica deste itinerário discursivo.

Falemos de tios e, aproveitando o embalo, falemos do "você".

Antes de mais, a Nós ninguém trata por "tio", nem mesmo os sobrinhos! "Capitão" está muito bem, mas também anuimos um "Haddock" ou até mesmo, quando bem dispostos, um "Archibald".

E depois o "você" e sucedâneos...

Perdoai-nos se tendes essa prática, mas isso de nos dirigirmos ao outro que conhecemos desde o tempo das fraldas por "o menino" ou "a menina", outro esse que, no limite do ridículo, até é irmão, tira-nos o ar...

Dizei-nos, por obséquio, que sentido tem, numa bulha entre irmãos, insultar assim: "o menino é um atrasado mental, que os nossos papás deviam ter dado para adopção, mal olharam para as suas trombas!".

Sim, porque há que contar com o estalar do verniz...





Longe de nós a ideia fundamentalista e panfletária de "tu para todos!".

Há bules que merecem tratamento diferenciado.

Rectius: há quem mereça tratamento diferenciado.

Incluídos alguns íntimos.

Contas feitas, não tomais como "falta de chá" corrermos todos Vós a tu, salvo gracejantes excepções.




Quereis com um farrapinho de leite?

(Clicai ou não!)